O Sincretismo entre Pã-Fauno-Sátiro-Baphomet
Pã, o deus das florestas e dos impulsos primordiais, que tem sua imagem arquetípica semelhante representada em Baphomet de Éliphas Lévi, símbolo que carrega em si as forças integradas da natureza e da dualidade cósmica. Embora Baphomet não seja explicitamente Pã, muitos estudiosos do ocultismo percebem uma ligação profunda entre ambos, especialmente na forma híbrida, com características que remetem ao bode e aos aspectos de natureza selvagem, indomada e sexualizada, comum a ambos.
Baphomet, como descrito por Lévi, é um ser andrógino e ambíguo, representando a união dos opostos: masculino e feminino, luz e escuridão, bem e mal. Seus chifres, como os de Pã, são símbolos de força e conexão com a natureza indomável, ao passo que o caduceu em seu ventre e as palavras *Solve et Coagula* (dissolver e coesionar) inscritas em seus braços indicam o ciclo eterno de destruição e criação, inerente ao próprio conceito de fertilidade e renovação que também caracteriza Pã. Em sua essência, Baphomet incorpora o conceito de equilíbrio e transcendência do dualismo, tal como Pã, que, apesar de selvagem e caótico, faz parte da ordem natural.
A aparência bestial de ambos — Baphomet com seu corpo meio humano e meio animal e Pã com sua forma de homem e bode — simboliza o instinto primal e a verdade de que, na busca pela completude, o ser humano deve integrar seus aspectos instintivos, não reprimindo seus impulsos, mas compreendendo-os. O priapismo de Pã, a expressão de sua energia sexual pura e incontida, é refletido na sexualidade ambígua de Baphomet, um símbolo de força vital que transcende a moralidade convencional.
Além disso, a ligação com o medo — o pânico de Pã e o temor místico que Baphomet provoca — revela o papel dessas figuras como portadores de mistérios ocultos e verdades reprimidas. Em ambos, vemos a presença do desconhecido e do inconsciente, uma ameaça e uma promessa de libertação. A figura de Baphomet, com seus elementos alquímicos e esotéricos, pode ser vista como um Pã que transcendeu o terreno, alcançando o estágio espiritual em que a natureza e o cosmos se tornam um. Assim, a ponte entre o deus grego e o símbolo ocultista de Lévi é o convite à integração total do ser, onde o homem confronta e aceita seu lado sombrio, animal e divino ao mesmo tempo, para descobrir o verdadeiro equilíbrio.
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